terça-feira, 25 de novembro de 2014

São Miguel do Gostoso é área de desova de tartarugas marinhas

Por: Edson Gomes
A orla de São Miguel do Gostoso é área de desovas de tartarugas marinhas. Isso foi constatado graças ao trabalho realizado por ambientalistas nos últimos anos e voluntários da AMJUS (Associação de Meio Ambiente, Cultura e Justiça Social), que no ano de 2013 através de um minucioso trabalho científico que nasceu dentro da comunidade e mapeou a área de desovas, sob responsabilidade técnica do biólogo Felipe Resende e que estabeleceu um consistente banco de dados sob responsabilidade da bióloga Maria Lucivânia, tornando São Miguel do Gostoso um reconhecido santuário ecológico.

De cada mil filhotes de tartarugas marinhas que nascem, somente um ou dois conseguem atingir a maturidade, segundo dados no site do TAMAR. São inúmeros os obstáculos que enfrentam para sobreviver, mesmo quando se tornam juvenis e adultos. Mas, além dos predadores naturais, as ações do homem estão entre as principais ameaças às populações de tartarugas marinhas, tendo destaques a pesca incidental na qual muitas tartarugas ficam presas em redes ou em anzóis; a poluição que faz com que as tartarugas que não sabem fazer a distinção comerem diversos tipos de lixos como plásticos, cordas e outros; o trânsito de veículos nas praias de desova que ao passar por cima de ninhos impossibilita o nascimento de novas tartaruguinhas; a destruição do habitat para desova pela ocupação desordenada do litoral; a poluição dos oceanos e o aquecimento global.

Voluntários da AMJUS, nos últimos anos, ajuda milhares de tartaruguinhas a se encontrarem com o mar, fazendo um papel muito importante no cenário natural de São Miguel do Gostoso. Os voluntários pesquisadores desenvolvem estratégias para garantir que os ninhos sejam protegidos e com que as pequenas consigam chegar até o mar com sucesso. O projeto não tem fins lucrativos, vive somente de doações e do trabalho voluntário, tanto na área de monitoramento como na área de administração, técnica e científica, e busca apoio para continuar com o projeto existindo.

Há algumas curiosidades sobre as tartarugas marinhas. O acasalamento delas ocorre quando a fêmea escolhe o macho para “namorar” sendo que uma fêmea pode acasalar com vários machos. A fêmea lembra-se exatamente onde nasceu e volta ao mesmo local para botar seus ovos. Essa volta acontece a primeira vez depois de 30 anos do nascimento. Uma fêmea chega a botar ovos de 4 a 6 vezes por temporada, com 60 a 120 ovos por ninho, diz informações da Revista InfoEscola, mas, dados da AMJUS mostra que já foram identificados em São Miguel do Gostoso ninhos com até mais de 180 ovos. Os ovos demoram cerca de 55 a 60 dias para eclodirem.

A temporada de desovas de tartarugas vai de novembro de um ano a maio do ano seguinte, explica Acássio Melo, um dos técnicos. Nesta última temporada, só na orla urbana, a AMJUS catalogou 101 ninhos de tartarugas-de-pente, registrando um número de aproximadamente 10 mil tartaruguinhas-de-pente entregues ao mar. Exatamente a espécie que se encontra classificada como em alto risco de extinção. Isto é São Miguel do Gostoso contribuindo para a preservação da espécie.

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