terça-feira, 27 de outubro de 2015

Comunidade Baixinha dos França: mais de 100 anos de história

Por: Acássio Melo

Capela de Santa Terezinha
A comunidade Baixinha dos Franças tem mais de 100 anos de história e foi fundada pela família Camilo, que foram os primeiros moradores da comunidade, segundo conta a professora Marlene França. Pelo fato da família Camilo ter pouco dinheiro, pouca posse de terras e ser a única família da comunidade, com a chegada no local da família França, que era bem maior e com mais posses, perderam a identidade do lugar.

A família França, segundo a moradora Dona Maria Matias, já foi a mais rica da localidade. Os França (assim mesmo, no singular) começaram a povoar e aos poucos mandar na comunidade e nos próprios moradores. Conforme iam chegando novos moradores, eles eram obrigados a trabalhar para eles. Como os França tinham mais dinheiro, começaram então a desenvolver a comunidade que, nos anos 60 a 80 foi referência comercial na região.

A família França era quem comandava tudo por lá. Eles eram quem decidia sobre tudo, eles que eram os soldados, delegados, em fim os governantes. As leis da comunidade eram impostas por eles como a de que “homem nenhum andava sem camisa, se fosse pego sem camisa eles apanhavam por que se tratava de uma falta de respeito com as mulheres da comunidade e essa era uma forma de castigo e ainda ficavam presos por pelo menos três dias, depois eram soltos”, contam as pessoas mais antigas do lugar.
A comunidade Baixinha dos França possui este nome pelo motivo de, além da identidade da família França, se situar numa depressão, uma baixa, onde se desenvolveu a comunidade. Atualmente, com o movimento das mudanças a comunidade já não é situada na antiga baixa, embora o nome permaneça.

A história da Baixinha dos França relata uma tradição um meio indígena, de que os jovens da família França só poderia se casar com os jovens da família dos Vieira, da comunidade vizinha, para não acabar a etnia. Assim também, conta também, como conta os mais antigos, que era considerado França quem fosse louro e de olhos claros.

A Baixinha dos França, fica localizada á 32 quilômetros da sede do município de São Miguel do Gostoso. Hoje tem em média 400 habitantes e não se desenvolveu mais depois da saída dos homens ricos da família França, apesar de ainda haver descendentes. 
De povo predominantemente católico, hoje na comunidade existe a Capela de Santa Terezinha que se localiza na rua principal, onde era a vila comercial, uma Pracinha Pública, a escola que se localiza também na rua principal, ampliada no governo do prefeito João Wilson, uma quadra esportiva e possui nas suas ruas as casas antigas semelhantes as do tempo colonial.

As casas da Rua Principal da Baixinha ainda têm como características as eiras, formas retangulares e quadriculadas na parte de cima das paredes e diversos desenhos. As casas que tivessem mais eiras, eram consideradas as mais ricas, eram as dos que tinham sobrenome França. E quem não possuísse essas eiras eram considerados pobres. Daí a expressão “sem eira e nem beira” quando se refere a uma pessoa pobre.

Entre as principais características da comunidade está a chamada cultura de sequeiro, como o cultivo do milho e do feijão e o extrativismo do caju e do umbu que são temporários e depende das chuvas. É comum encontrar as residências em casas de taipa, e nas casas ainda o uso do pilão, de cristaleiras antigas, uso de panelas de barro, da tapioca feita no caco, como faziam os índios. É muito interessante. Uma coisa muito interessante também, como disse Heldene Santos, é um lugar, como alguns outros, onde jovens, em pleno século 21, ainda constroem a sua casa de taipa para casar.

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